quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Capitulo I - O sussurro (4)

Os dias seguintes passaram-se numa constante correria sobre como esconder a verdade e como descobrir como tudo aquilo se tivera passado.
Ana era reservada, embora sempre com um sorriso inocente e delicado no rosto, não tinha muitas pessoas em quem confiara de verdade. Maria, era a única pessoa a quem conseguiria confessar o que acontecerá à precisamente 8 dias.
- Como é que estás? Sabes que se quiseres, podes ficar em minha casa durante uns tempos sem teres que lidar de perto com o medo de estares sozinha e trancada no teu quarto alugado. Com toda a certeza que a minha família não se importaria, todos te adoram por aqueles lados! - Maria, uma rapariga de cabelo curto negro, apenas 2 anos mais velha que Ana, sabia que o que dizia não era totalmente verdade. Ocultara o facto de ela própria ter medo de acolher Ana, mas que mais haveria a fazer por uma amiga a qual mantinha em tão elevada estima? Vira-se de facto, obrigada a convida-la.
- Descansa, - respondeu de imediato Ana - sabes que eu fico sempre bem sozinha. Além disso gosto de encontrar paz dentro de mim mesma. - Ela própria tinha receio do que respondia à sua colega universitária, a qual teria conhecido durante uma aula de Fisiologia e Bioquímica Médica, onde ambas teriam sido parceiras numa experiência laboral proposta pelo seu professor.
- Se é isso que preferes, tudo bem. Mas já sabes onde me podes encontrar sempre que necessitares.
- Sim Maria, vai descansada que mais logo eu ligo-te. - esboçando um grande e encantador sorriso e dando um delicado beijo na testa da colega.
Maria virou costas e saiu pela loja nos seus longos passos, presentes devido à sua grande altura, o seu metro e setenta e seis faziam de si uma rapariga com longas e esbeltas pernas branquinhas cor-de-neve.
Ana sentiu um vazio, sabia que poderia estar prestes a correr um grande risco por não aceitar a proposta de Maria, mas por outro lado não gostava de a colocar em perigo, era especial de mais, assim como a sua família, para ser exposta assim, a tudo o que pudesse querer mal a Ana.
Nessa mesma noite, estaria a fechar as portas da acolhedora lojinha onde trabalhava desde que ali chegara, pensara não conseguir ver coisas mais horríveis como viu em toda a sua infância em redor de Lisboa. Assaltos, assassínios e até suicídios, teriam coisas que vira passar diante de si enumeras vezes, não esquecendo algumas amarguras mais insignificantes que a deixavam entristecida. Por isso, decidira viajar rumo à grande cidade do Porto, enganando-se redondamente com aquilo que esperava para lá dos muitos quilómetros que tivera que percorrer.
Era uma cidade grande, e às sete horas da tarde, hora em que teria que fechar as portas, já se encontrava de noite, o sol já se teria recolhido e até mesmo todos os bichinhos visíveis de dia por aquelas ruas já teriam voltado às suas casas improvisadas. Restavam apenas os morcegos, voavam a noite inteira, Ana pensava que talvez o fizessem com o objectivo de conseguir encontrar alguma comida ou então, tentando aproveitar enquanto não o sol não se punha de novo.
Ana fazia sempre o mesmo ritual: vestia o casaco, punha um cachecol bastante quentinho e caminhava em passos largos e apressados em direcção ao seu apartamento.
Mas nessa noite, um carro detivera-se diante dela, numa das mil e uma estreitas ruas ali presentes. Sem saber o que fazer, Ana tentou correr, até que alguém por detrás dela lhe agarrara o braço.
- "Não tens por onde fugir" - Uma voz grossa, era-lhe bastante familiar, mas o nervosismo era tanto que Ana sabia que não valeria a pena tirar juízos de grande valor por enquanto. "Será Luís?" foram as únicas palavras em que conseguira pensar depois disso.


(peço desculpa por ter estado tanto tempo sem pegar neste blog, "quebras de escritor" sempre me disse a minha mãe quando ela mesma queria escrever e não conseguia. Preciso de opiniões, não sei se deva continuar este projecto. O que acham? Obrigada)

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